21 de abril de 2016

Um pouco de história para Valverde

(Fotografia: Twitter @Movistar_Team)
Ataque, contra-ataque e mais uns ataques, mas no fim ganha Alejandro Valverde. Há três anos que é assim na Flèche Wallonne, onde o espanhol fez história: somou a quarta vitória, a terceira consecutiva depois da primeira em 2006. Feito inédito nesta clássica das Ardenas. O espanhol supera ciclistas como Eddy Merckx (1967, 70 e 72), Moreno Argentin (1990, 91 e 94), Marcel Kint (1943, 44 e 45 - a corrida foi das poucas que se realizou durante a II Guerra Mundial) e, mais recentemente, Davide Rebellin (2004, 07 e 09).

"A verdade é que isto é inacreditável. Estar na história da Flèche Wallonne é uma grande honra. Eu sabia que me sentia bem, mas as circunstâncias na corrida podem mudar rapidamente, por isso, estou muito satisfeito", salientou Valverde que fez algum bluff antes da prova ao afirmar que não estava a 100%. Ora se aquilo que demonstrou não é a 100%, então os adversários que tenham mesmo muito cuidado para a corrida de domingo.

Mas esta é uma daquelas vitórias que obrigatoriamente tem de se falar da equipa. A Movistar sabia que teria de assumir a responsabilidade da corrida. A equipa trabalhou e ainda foi tacticamente perfeita ao colocar, por exemplo, Izaguirre na frente quando Bob Jungels tentou fugir. A Katusha, que ia de forma ténue ia ajudando, teve de trabalhar mais para garantir que Joaquin Rodríguez podia estar na luta. Onde estava Valverde? A controlar. Confiança total na equipa e nas suas capacidades.

Como era de esperar, não houve fuga que triunfasse e o Muro de Huy voltaria a ser decisivo. Rodríguez foi a vítima da subida. Atacou, mas claudicou. Terminou em 28º a 29 segundos do vencedor. Valverde controlou a subida toda. Não se assustou quando dois homens da Etixx-QuickStep o rodearam. Daniel Martin atacou primeiro, abrindo caminho a Julian Alaphilippe. Valverde esperou e atacou a menos de 100 metros. Ninguém conseguiu responder.

Não foi por isso descabido que no final lhe tenham dito que o Muro de Huy deveria ser o Muro de Valverde. Timing, inteligência táctica e boa forma, claro. Assim se passa Huy. Assim faz Valverde.

"Planeámos a táctica para o Julian ficar na roda do Alejandro e batê-lo na meta, enquanto eu tentaria atacar um pouco mais cedo. Mas o Alejandro conhece a subida e leu a nossa táctica na perfeição. É difícil batê-lo", desabafou Daniel Martin (terceiro classificado). A Etixx-QuickStep acaba por ser, outra vez, a grande derrotada do dia. E a época das clássicas continua sem vitórias para a equipa belga. Porém, tem uma garantia: Alaphilippe repete o segundo lugar de 2015, mostrando que esta é uma corrida perfeita para as suas características e atenção ao francês na Liège - Bastogne - Liège de domingo... se Valverde deixar alguém mais brilhar.


Rui Costa no top dez

O ciclista português alcançou o seu melhor resultado na Flèche Wallonne. Entrou no Muro de Huy com o grupo principal, muito bem colocado. Não conseguiu ir com Valverde e os homens da Etixx, mas Rui Costa conseguiu terminar na décima posição, a cinco segundos do vencedor. Que venha a corrida de Liège, pois o português da Lampre mostrou tanto na Amstel como esta quarta-feira, estar num bom momento.

Neste top dez, destaque para Enrico Gasparotto. Depois de vencer a Amstel Gold Race, o italiano da Wanty voltou a estar na luta por uma vitória na semana das Ardenas. Foi quinto. Wout Poels continua a fazer uma excelente temporada. Com a retirada da prova de Sergio Henao - foram levantadas questões sobre o seu passaporte biológico e a Sky decidiu não colocar o seu ciclista na corrida, a exemplo do que aconteceu em 2014 numa situação idêntica - o holandês acabou por ser um plano B que a equipa sabe que pode confiar. Ficou no quarto lugar.

Uma palavra ainda para Samuel Sánchez. Aos 38 anos, o campeão olímpico de 2008 tem tido um Abril muito positivo. Terminou em sexto na Volta a Catalunha, onde venceu uma etapa, e agora foi novamente sexto. Com Philippe Gilbert limitado devido ao dedo fracturado, o espanhol aproveitou a oportunidade de ter maior liberdade na BMC.

Quanto aos restantes portugueses, Mário Costa (Lampre) terminou em 118º a 6:58 minutos e Tiago Machado (Katusha), que muito trabalhou para Rodríguez foi 101º a 5:11.

A semana das Ardenas aproxima-se do fim. Domingo é a vez da Liège - Bastogne - Liège. E a questão é simplesmente: conseguirá Valverde repetir a "dobradinha" de 2015?

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