6 de abril de 2016

Ano desesperante para a Giant

(Fotografia: Twitter @GiantAlpecin)
A Giant-Alpecin preparava 2016 com o objectivo de provar que a saída de Marcel Kittel não iria retirar a equipa das decisões nas grandes provas. Porém, um acidente transformou a temporada da equipa alemã. Em plena fase de clássicas, a Giant não soma qualquer vitória este ano. Em 2015 tinha seis nesta altura da época e preparava-se para conquistar a sétima no Paris-Roubaix. Em 2014 já levava quase 20 triunfos.

A gestão da equipa está a tornar-se um pesadelo, principalmente numa altura em que as expectativas eram altas para John Degenkolb. No ano passado, o alemão venceu Milan-San Remo e o Paris-Roubaix e, sem Kittel, a Giant concentrava esforços na estrela que ficou. Degenkolb foi um dos ciclistas feridos com maior gravidade no acidente em Alicante. O estágio em Espanha ameaçou terminar em tragédia. Uma mulher de 73 anos - que conduzia em contra-mão - atropelou seis ciclistas da Giant. Chad Haga foi quem ficou em pior estado, mas também se encontra em recuperação.


A lesão no braço e nas mãos ditou um afastamento de três meses de Degenkolb. Adeus clássicas. E para a Giant significou, até ao momento, um adeus vitórias. A equipa tenta sobreviver como pode, mas simplesmente não se tem visto. Só o jovem Sam Oomen se destacou com um terceiro lugar no Critério Internacional, ganho por Thibaut Pinot.

Mas como uma equipa do World Tour não se pode limitar a sobreviver -  é a única que ainda não venceu - a Giant tentar agarrar-se a Tom Dumoulin. O problema é que o jovem holandês de 25 anos ainda não convenceu: quarto na Volta a Omã, 12º no Paris-Nice e desistiu logo na terceira etapa da Volta à Catalunha. A pressão é muita, ainda mais depois do que aconteceu na Vuelta (duas vitórias de etapa, chegou a ser líder mas cedeu na última etapa de montanha, terminando sem sexto na geral).

Dumoulin tenta libertar-se dessa pressão. Já avisou que não irá ao Giro para lutar pela vitória, colocando o contra-relógio dos Jogos Olímpicos como o grande objectivo da temporada. Mas a equipa quererá certamente mais do holandês. Agora mais do que nunca.

Degenkolb deverá regressar a tempo de estar na Volta a França. É, aliás, a única corrida que aparece, para já, no seu calendário. Mas tendo agora Kittel como adversário, a missão não será fácil para o alemão, que poderá ainda apontar à luta pela camisola verde com Peter Sagan.

Haverá ainda no Tour Warren Barguil - também ele envolvido no acidente, mas com ferimentos de menor gravidade -, o talentoso francês que tentará aparecer nas montanhas e apontar a uma vitória de etapa.

A surpreendente saída de Marcel Kittel para a Etixx-QuickStep abalou a equipa. Se em 2015 o alemão praticamente não correu devido a problemas de saúde, em 2014 foi responsável por 13 das 41 vitórias da Giant (em 2015 a equipa "só" somou 20 vitórias). Luka Mezgec era visto como o senhor que se seguia, mas o ciclista preferiu mudar-se para a Orica. No ano de glória da Giant ganhou seis corridas.

Nesse 2014 de sucesso, Degenkolb venceu em dez ocasiões, mas foram os dois monumentos de 2015 as grandes vitórias da carreira. Além de se preocupar em recuperar o ciclista que lhe poderá ainda dar vitórias neste 2016, até agora para esquecer, a Giant teme ainda que possa perder a sua estrela que termina contrato no final do ano.

Se há uma equipa que está a revelar estar demasiado dependente das suas principais figuras é a Giant, que precisa rapidamente de uma reformulação. Mas para já, deverá ficar satisfeita com o muito desejado regresso de Degenkolb.

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